12 de novembro de 2015

Depois do café: um sorriso







Era uma tarde como essa, muito quente, como muitas sentidas nas primaveras de Porto Alegre ou Poa. Tardes de Feira do Livro. Mas Poa sem acento. Se colocá-lo, fica Poá e esta tarde se transfere para um município do estado de São Paulo, com suas ruas estreitas, praças e muita história para contar. Considerada uma estância hidromineral, a cidade de Poá foi antigamente ponto de parada de tropeiros e viajantes que dirigiam-se à Mogi das Cruzes. Poá é uma palavra de origem indígena, abreviatura de ipiá, que significa "bifurcação de caminhos". Descobri por acaso. Uma vez, coloquei Poa no remetente de uma carta de amor endereçada ao Paraná e o candidato perguntou se eu havia mudado para perto dele. Respondi que a questão era de acentuação. E talvez de limites geográficos...
Mas voltando ao conto. No final da tarde, depois de minha rotina diária trabalhística e após muitos cafés, entrava em casa e lá estava minha diarista. Passando roupas. Camisas. E rindo. Voltava cansada do trabalho, pensando pela rua em alguns problemas e encontrava aquele sorriso. Até hoje me pergunto por que Neli ria tanto ao passar roupa. Principalmente camisas. Enquanto conversava comigo, dava uma parada e continuava a passar. Espichava o ferro na roupa e sorria. Uma gargalhada comprida. Um riso que vinha de mansinho e explodia de repente. 
Hoje, enquanto passo roupa, penso naquela cena de outros tempos. Decerto porque passar roupa faz a gente pensar. Divagar. E tento encontrar a resposta. Enfim, depois de uma longa tarde escaldante, com suor na testa, conclui que ela amenizava os problemas com o riso. Neli ria da vida.



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Um comentário:

  1. Conheci uma pessoa que morava em Poá.
    Muita gente se confunde, mas a verdadeira abreviação de Porto Alegre é PoA, com A maiúsculo.

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