31 de março de 2014

Som de primeira no kit de segunda

Entre as leituras obrigatórias do Vestibular Ufrgs 2015, Tropicalia ou panis et circensis (álbum/disco) com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes e outros.
 Pela primeira vez, desde que a UFRGS implantou a lista em 1999, um álbum figura na relação.


 
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30 de março de 2014

Na paisagem (2)

 
 


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Na paisagem





Naquela manhã ela andava distraída, fotografando as folhas do caminho no celular. Ele andava distraído também. Com fones no ouvido, olhando firme para a tela. Volta e meia ria. Ela seguia com seriedade seu velho caminho para o trabalho, curtindo a paisagem da estação. Ele não presta atenção no caminho. Vai no automático. Ela registra a imagem. Para ele, imagem é só um detalhe. Enquanto viaja na música, ela fotografa. De repente, ela se fixa numa folha linda, uma mistura de tons intactos na calçada. Pára bruscamente. Mira o celular. Ele esbarra nela. Vai reagir, mas encontra aquele olhar. Nesse momento tudo muda, só a paisagem fica inerte para acompanhar. Estava escrito. Vários poetas deixaram provas desse momento com suas próprias caligrafias. Depois o homem passou a limpo e tentou entendê-las. Até hoje tentam. Mas não tem explicação para um momento desses. Ela sugere um café para o final da tarde. Ele concorda. A poesia continua. A vida segue...


"O que há melhor no amor é a iluminância.
Mas, ai de nós! não vem de nós. Viria
De onde? Dos céus?… Dos longes da distância?…"


(de Soneto Sonhado, Manuel Bandeira)



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28 de março de 2014

Poema na madrugada de sábado



Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.

Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo.

Pablo Neruda


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26 de março de 2014

24 de março de 2014

Soneto de primeira no kit de segunda

Poesia, poema, soneto. Parece que nascem juntos, um dentro do outro.
Poesia vem do grego "poiesis" traduzido como uma atividade de produção artística, de criar ou fazer. A poesia não está só no poema, mas em paisagens e objetos. Poema é uma obra de poesia, utilizando palavras como matéria-prima, mas tanto o poema quanto a poesia são textos feitos em versos. Já o soneto, é um poema de forma fixa com quatro estrofes. As duas primeiras têm quatro versos e as duas últimas têm três versos.
Não são muitos que conseguimos decorar, lembrar. Alguns são mais fáceis de repetir porque marcam momentos. Se você conseguir saber a última estrofe do soneto a seguir, parece que é o suficiente. É um bom exercício para a mente, pra mentalizar, conquistando um amor.
Mas tente sempre lembrá-lo desde o início...

 
 
 
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17 de março de 2014

Poesias de primeira no kit de segunda



Teresa

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

(Manuel Bandeira)


 
Correio do tempo
 
"No correio do tempo há alegrias
      que ninguém vai exigir
que ninguém nunca retirará/ e acabarão murchas
suspirando o sabor da intempérie
e no entanto/ do correio do tempo
sairão logo cartas voadoras
dispostas a fincar-se em algum sonho
onde aguardem os sustos do acaso.'
(Mario Benedetti)




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16 de março de 2014

Poema de domingo

Bela coluna de Martha Medeiros no caderno Donna do jornal Zero Hora desse domingo, onde  ela cita o poema "A arte de perder" de Elizabeth Bishop.
Correndo o risco de perdê-lo, fui encontrá-lo para você...

A arte de perder

A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente Da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles.
Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério.

(Elizabeth Bishop)



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15 de março de 2014

Faltando um pedaço no sábado

 
Remember: Do álbum "Pétala" de 1988
 
 

                                          "O amor é como um raio
                                           Galopando em desafio
                                           Abre fendas, cobre vales
                                           Revolta as águas dos rios
                                           Quem tentar seguir seu rastro
                                           Se perderá no caminho..."



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Ainda a poesia

A obra "A vida dos grandes brasileiros" conta que em 14 de julho de 1847 nasce Antonio de Castro Alves na comarca de Cachoeira, Bahia. Em 09 de setembro de 1860, Castro Alves recita poesias no Ginásio Baiano. Em 3 de julho de 1861, declama sua primeira poesia dedicada à data baiana de 2 de julho.
A obra "O livro e a América" tem uma de suas estrofes para sempre armazenada em nossa mente:


"Oh Bendito o que semeia
Livros...livros à mão-cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar."
(Castro Alves)



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14 de março de 2014

Poetizou geral



O poeta escreve à noite. Na hora que não tem sono. Mas não cedo da noite. Tarde da noite. Imagino-o procurando respostas em estrelas. Escrevendo sem parar, sem saber de onde vem tanta inspiração. Se fosse nos dias de hoje, não escreveria tanto. Ficaria no facebook. Mas talvez, lá pela madrugada, quando alguns pingos verdes povoam a tela, ele se sentiria só e escreveria. Entre diversidade de nomes e cognomes, o poeta se sente cercado de pensamentos e citações. E parece que nada mais era novidade. Já escreveram e divagaram tudo e sobre tudo. Já gastaram assuntos e pautas sem fim.
Então, lá pela longa noite, lá quando o dia tenta amanhecer, um raio de sol ilumina a última frase do poema. Algo inédito foi escrito. Algo com rima, encantador, alguma coisa que talvez ninguém tenha conseguido expressar daquela forma. Por esse motivo ele é poeta.



Segue o blog... Hefeméride literária: no dia 14 de março nasceu Castro Alves e por esse motivo hoje é comemorado o "Dia da poesia".


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11 de março de 2014

Alguém como você

Kings of Leon é uma banda formada no ano 2000 em Tennessee, USA.
Formada pelos irmãos Caleb, Jared, Bathan Followill e pelo primo Matthew.  
A grata informação é que o nome do pai dos garotos e do avô paterno era Leon. "Kings of Leon" é uma homenagem ao avô dos Followill.
Eis a música Use somebody...aumente o volume...



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Poesia do dia



"A thing of beauty is a joy for ever
-disse, há cento e muitos anos,
um poeta inglês que não conseguiu morrer."

Mario Quintana

"O que é belo há de ser eternamente."
John Keats


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10 de março de 2014

Um som para a madrugada de segunda

A internet, o face, deixam muita gente ocupada. Quando se vê é uma hora da manhã...e o sono vem batendo. Não dá mais tempo de ler um livro. O filme nem vale a pena começar. É hora de ouvir um som feito esse e deixar o novo dia amanhecer...


 
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9 de março de 2014

Achados e perdidos - parte 3



Eu poderia escrever uma história especial, cravejada de amor e tão cintilante quanto o brilho de uma jóia na vitrina. Polindo as palavras e as transformando numa pedra rara. Como uma larimar. Mas hoje vou escrever sobre o fim de um amor. Parece triste, mas não é. O final pode ser um recomeço. Quantos amores e paixões se dissolveram perto de nós ou em nós mesmos. E lá, quando dobramos as esquinas de nossas vidas, surge um outro. É um processo lento, um aprendizado que vamos entendendo enquanto a vida passa. O que é tristeza, desilusão pode virar alegria, encontro. Uma reviravolta na paixão, no entorno do amor.
Hoje quero escrever sobre alguém que teve um amor. E o perdeu. Ele ficou guardado na letra de uma música. Volta e meia ouvia aquele som de tantas lembranças. Quando alguém pegava um violão ou tocava ao vivo num bar, a mesma música não deixava de aparecer.
Mas um dia a vida mudou. Novo amor. Outra paixão. Um toque no celular. Uma nova história na tela do facebook. Mensagens. Fotos via instagram. O que começou como uma amizade, foi levada pelo tempo até transformar-se num verdadeiro amor.
E, mais uma vez, como em todas nossas histórias, a música é protagonista.
Então, entrou no carro distraidamente e ligou o som.
Ouça a música que tocou...os pequenos contos de amor nunca terão fim.


 
 
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4 de março de 2014

Achados e perdidos - parte 2



Maria sorri. Está de volta ao Rio depois de alguns anos. O Rio de Janeiro continua lindo, fevereiro e março. É março. Carnaval. Ela sorri para a paisagem. Suspira. Entra no mar correndo para não se atrapalhar nas ondas. A água está um pouco fria, mas nem se importa. Quer sentar num bar e brindar um chope. Quer ir na Lapa. E vai. Não resiste ao vendedor de chapéus, compra um. Maria sorri. Sorri e samba no entorno da mesa do bar. No ritmo de um som carnavalesco.
No dia seguinte, caminha no calçadão de chapéu novo. Com fones no ouvido, circula na orla quando enxerga uma multidão se formar no entorno. Retira os fones para ouvir aquela agitação. É atraída pelo som das caixetas, que marcam o ritmo e trazem uma sensação contagiante. São os blocos tradicionais, trazendo a população para a rua. Começa a dançar também, encontra alguns amigos e esquece o chapéu na cadeira do restaurante. Volta apressada, mas não o encontra mais. Maria entristece, mas logo ganha outro chapéu de um amigo.
Quando vai embora, leva boas imagens na mente e saudade no coração. O avião levanta voo, é hora de pensar. A imagem da cidade some aos poucos no horizonte, tira o chapéu e coloca no colo. Quem encontrou o primeiro perdido, decerto samba feliz, em algum lugar do Rio de Janeiro.


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2 de março de 2014

De outros carnavais

"Ontem à noite
Conheci uma guria
De outros carnavais
Com outras fantasias."
 
Pra curtir...um remember dos Engenheiros do Hawai
 
 

 
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Achados e perdidos




O corredor do shopping estava calmo naquele feriado de carnaval. A cafeteria vazia. Era tudo que queria. Escolher a mesa três e ficar em paz. Pediu um pingado e quando olha para o lado, presa ao encosto da cadeira, estava uma máscara de carnaval. Azul. Seria de uma criança ou de um adulto aquela esquecida foliã? Não importa, alguém desatento deixou-a de lado. Antes de comentar com a garçonete, veio à memória outros carnavais. Por mais que optamos por descansar, colocar a vida em ordem, viajar ou curtir o carnaval em si, sempre há uma lembrança. Como um filme, desenhou-se a cena do camping naquela cidade do interior. Nada era difícil. À noite, os amigos desciam para o centro daquele pequeno lugar. Brincavam e dançavam nos bares e pela rua. Outros tempos. O café pingado chega fumegando, a garçonete não importa-se muito com a máscara esquecida. Decerto alguém voltará para resgatá-la. Ou não. Como as lembranças de carnavais. Como as músicas, os sambas-enredo e marchinhas que desfilam na memória, mesmo em outras versões.


 
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1 de março de 2014

Samba do avião no kit



Segue o blog...aumente o volume nesse feriado de carnaval.


Carnaval e poesia

Manuel Bandeira publicou em 1919 o livro "Carnaval".
Os poemas, mais ou menos tradicionais, quase sempre mantêm a métrica e o sistema de rimas regulares, conforme convenções do seu tempo.
No último poema do livro, "Epílogo", a vontade do autor em criar um carnaval a maneira de Schumann...

"Eu quis um dia, como Schumann, compor
Um carnaval todo subjetivo:
Um carnaval em que só o motivo
Fosse o meu próprio ser interior...

Quando o acabei — a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
E de frescura, e de mocidade...
E o meu tinha a morta mortacor
Da senilidade e da amargura...
— O meu Carnaval sem nenhuma alegria!..."

(Manuel Bandeira, 1919)



 



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