25 de julho de 2015

1 de julho de 2015

O café que virou poema







UM CAFÉ E UM POCKET

Ela estava sentada na cafeteria. Numa solidão quase que egoísta, mas saudável. Naquele dia não convidou ninguém para acompanhar o cafezinho. Queria ficar ali sorvendo seu café e pensando sobre a vida e sobre tantas coisas que aconteceram até o início do ano. 
Enquanto isso, olha pelo tablet as últimas notícias, as atualizações, que ela leva um segundo para assimilar e seguir em frente. Sentada agora na cafeteria daquela galeria, reflete sobre isso tudo. Há um ano prometeu coisas, algumas aconteceram, outras ficaram para o ano vindouro. É sempre assim. Muita coisa acontece em um ano.
Aquela mesa lhe pertence. Olha a plaquinha atrás do café fumegante: mesa três. Belo número. Gostaria  sempre de voltar a mesma mesa. A garçonete esquece o pão de queijo e com uma ruga na testa, confirma o pedido. O pão esquenta no forninho e ela não importa-se com mais nada.
Passa os olhos pela cafeteria e na mesa ao lado alguém come uma torta coberta de chocolate. O pedido da mesa dois tem uma aparência boa, sempre parece ser melhor que o da gente. Procura na bolsa um pocket do Quintana, enquanto mexe o cafezinho e aguarda o pão que vai chegar um pouco atrasado. Na página onze tem um escrito do poeta que se chama "Restaurante" e ela sorri ao lê-lo em silêncio:
"O café é tão grave, tão exclusivista, tão definitivo que não admite acompanhamento sólido. Mas eu o driblo, saboreando, junto com ele, o cheiro das torradas-na-manteiga que alguém pediu na mesa próxima."



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