22 de dezembro de 2016

HISTÓRIAS PARA CONTAR: NATAL

Guardamos na memória livros inesquecíveis. Quando era criança gostava de ler um especial de uma família que vivia à margem da Lagoa Prateada. Eram pobres e no seu país nessa época do ano havia nevasca, mal podiam sair de casa. Na noite anterior ao Natal foram surpreendidos ao abrir a porta. Em meio a neve, surge um visitante, uma prima que aparece inesperadamente. Eles sentiam muita vergonha porque não tinham presentes caros nem uma ceia muito suntuosa. Mal podiam se deslocar em volta da casa e teriam que esperar a troca de estação para plantar. Só haviam alguns alimentos já estocados. Mas mesmo assim, as crianças colocavam meias penduradas na lareira, na esperança do presente.
A mãe daquela família preparou uma ceia que mais parecia um café colonial. Fazia bolachas caseiras, mingaus, pães, molhos, assavam batata na lareira e cobriam com queijo. Essa seria a verdadeira história do fondue porque segundo as definições, a ideia surgiu por esse mesmo fato. Devido a dias de nevasca, as pessoas não saiam de casa e usavam pães, queijos e outras guarnições junto à lareira, acompanhado de café ou vinho para esquentá-los.
Mas segue a história da pequena família, que se encantou durante a ceia de Natal com os presentes criativamente confeccionados pela mãe. Ela costurava, bordava, fazia peças em tecido de lã para agasalhar seus filhos. E ficaram ainda mais felizes quando a prima abriu a mala e os surpreendeu com presentes que jamais sonhariam em ganhar.
Muito viajei para dentro dessa história. Devido ao nosso clima e ao forte calor que é comum em nosso Natal em Porto Alegre em dezembro. Talvez nosso Papai Noel ficasse mais feliz não suando em bicas e correndo para o ar condicionado de um shopping, com sorte. Cada vez que relia o livro, sonhava com essa neve toda e imaginava as paisagens vistas em filmes e nos antigos cartões de Natal.

3 de dezembro de 2016

CONTO DE CAFÉ COM PANETONE

O PÃO DO TONI

A palavra panetone vem de panettone, tem origem no vocábulo milanês "panattón" e tem significados diversos. Diz a lenda que na Lombardia existia uma padaria. Muito bem frequentada pela vizinhança. Lá pelas 6 da tarde a fila do pão era grande. E sempre tinha uma pontual atração. Todos os dias uma moça italiana linda, ficava na fila. Não sei se por esse motivo, mas a fila aumentava nesse horário. O dono da padaria mentalmente agradecia. Todos os dias ela chegava e suavemente fazia seu pedido no caixa. Nem parecia italiana porque eles costumam falar alto, com as mãos. Sua voz era doce. Levava sempre o mesmo número de pães para a família. O rapaz do caixa a observava atentamente. Todos ficavam ligados na fila. Mas o padeiro, o humilde padeiro, a observava de longe. Ele era apaixonado por ela. Suspirava na porta, perto do grande forno. Quantos pães já fizera nessa longa estrada. Imaginava todo mundo se deliciando com o pão quentinho com manteiga ou geleia, inclusive ela. Aquele herói quase anônimo ficava ali escondido, sempre em segundo plano. Um dia, quando o Natal se aproximava, fechou a padaria e saiu caminhando pela rua. Pensava na vida, quando enxergou aquela moça, sua amada. Ela passou por ele apressadamente e chorando. Esbarrou em seu braço, mas nem o viu. Meio sem jeito, muito tímido ele se afastou e foi para casa caminhando devagar pela noite. Tão iluminada pela lua e pelas luzinhas da árvore de Natal da cidade.
No outro dia teve uma ideia. Estava inspirado. Começou a fazer um pão diferente, um pouco doce, como os olhos daquela moça. Inspirou-se mais ainda e colocou frutas cristalizadas, uvas passas e adicionou baunilha, para dar um aroma. Depois de assado, ele deixou esfriar e colocou em volta um papel transparente. Estava pronto o presente para a vizinhança. Tomou coragem e foi até a casa da tal moça. A desculpa seria um agradecimento a vizinhança, em nome da padaria. Chegando lá, a dona da casa não o deixou ir embora. Tomando um café, todos se deliciaram com o pão do Toni.
Inclusive a moça, que não tirava os olhos dele, talvez estivesse carente por alguma coisa. E a família repetia: "Que belo pão do Toni, pão de Toni". E em italiano foram enrolando a língua e virando pãoditoni...panetone! Toni conquistou todo mundo. Tendo paciência para cozinhar, esse gourmet usou a receita correta. Os ingredientes foram certeiros, feito com muito amor, conquistou um coração. Em Milão, o panetone é a vedete da cidade, seguido do queijo gorgonzola e do risoto milanês. E a lenda do panetone até parece pura verdade.









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