26 de janeiro de 2011

15 de janeiro de 2011

VERÃO DE A a Z / HISTÓRIA

Existia uma mulher que nunca tinha visto o mar. Algo estranho porque o mar é tão popular, é básico, como dizem. Por alguma circunstância do destino, dinheiro, por morar longe dele ou falta de oportunidade. Só sei que ela cresceu sem nunca ter visto o mar e um dia, lá pelas tantas da vida, ela teria a chance. Não lembro muito de detalhes, só lembro que ela não se digiriu a ele afoitamente. Ela não correu, se deslumbrou. Não procurou molhar os pés imediatamente ou jogar-se numa onda. Ela ficou parada em frente ao mar, olhando, olhando sem parar. Acho que nem chorou, mas tinha um ar emocionado, mais sério. Quanto tempo haveria perdido sem observar essa natureza, sem saber o que traduz o mar. Amores, dissabores, emoções descritas em sonetos e letras de música. De certo agora saberia o que é morrer de sede em frente ao mar. Poderia ter nascido à sua margem, brincado com ele, o desafiado, usufruido dele. Mas ela o comtemplava com o olhar de quem não vê há anos um velho amigo. Ela experimentou essa emoção de forma solitária e esqueceu todos que a olhavam em volta, inclusive eu. Ela era diferente, sem um diferencial, sem prumo. Mas parecia ter custado, mas o encontrado.




Segue o blog.

13 de janeiro de 2011

VERÃO DE A a Z / TEMPO

Ontem o dia amanheceu chuvoso, até eu encontrar num texto a palavra plúmbeo e não saber o que ela significava. Até vir um sol forte, que mudou já a paisagem indecisa da cidade de Porto Alegre. Ela se modifica mil vezes ao dia. Ora ensolarada, ora nublada, cinza. E assim o dia passava rápido, com muito trabalho, sem tempo para dicionários. As pessoas que circularam na minha frente, às vezes sorriam, mas muitas estavam sérias, sem quase cor, um sorriso acinzentado. E o céu nublou de novo pela tarde, ficou cinza chumbo, de dar medo. Veio chumbo grosso, caiu uma chuva de inundar a cidade. E inundou a Nilo Peçanha, os carros retornavam subindo nos canteiros. Comentei...o Rio Nilo...Minha colega perguntou onde ficava...no continente africano. No outro dia ela voltou do vestibular e disse que aquele rio que eu falei caiu na prova e outras coisas sobre a África. Aí está o ponto exato de nossas falhas ao não ler. No final do dia consegui tempo para saber o que é plúmbeo, uma palavra que pede, quase suplica para ir ao coimbrês.




Segue o blog. Plúmbeo significa da cor do chumbo.

11 de janeiro de 2011

VERÃO DE A a Z / AZUL DA COR DO MAR

Amigos me contaram que o mar de Atlântida está azul da cor do mar, repleto de peixinhos, uma verdadeira paisagem. Espero que ele continue assim por alguns dias, antes que o vento o contrarie.






Segue o blog, feito paisagem.

10 de janeiro de 2011

CAMILA

Um 10 de janeiro escaldante em Porto Alegre, como hoje. Desde cedo sabíamos como o dia se apresentaria. Acordei com meu desejo de bolinhos, mas almocei almôndegas mesmo. Estava tranquila, o bebê só nasceria dia 20. Caminhei muitas vezes à beira-mar em todos os feriadões possíveis, levando a enorme barriga e cantarolando a música Camilaaaaa. Naquela época seria a mulher melancia. Nunca li tanto, acordava no meio da noite com ela virando para o outro lado da barriga. Chutava muito. Havia ficado em Porto Alegre, todo mundo indo ao litoral, movimento nas estradas. Às quatro horas da tarde fui na consulta e falei para a médica que, por incrível que parecesse, a menina havia parado um pouco de "saltitar". Levantou-se um sinal de alerta. Fui encaminhada para vários exames e às 21:50 hs daquele mesmo dia nascia a minha filha.
Hoje, 15 anos depois, é uma grande emoção viver esse dia, tão quente como foi o outro. O tempo passou rápido e cá estamos nós duas com o mesmo carinho de outros tempos. Sou mãe dela e a admiro muito. Os sentimentos se confundem e tudo é uma troca. Quando me abraça sinto que precisa de mim e eu dela. Quando sorri e me diz que mesmo sendo única, vale por duas, admiro seu jeito de ser, conquistando tantos corações e amigos, inclusive eu. Tem razão. Vale por duas, por mil sentimentos que não encontro dimensão ao escrevê-los.



Marisa

9 de janeiro de 2011

VERÃO DE A a Z / POCKET NA AREIA

Segue o tempo bom no litoral. É hora de aproveitar a praia que não temos normalmente vinte e quatro horas.
Cada um curte o mar como se sente melhor. As crianças, pertencentes a famosa "turma do baldinho", entre outros brinquedos carregam mini livros coloridos que podem receber o contato com a água.
O adulto, que também busca o descanso, degusta a presença do mar e o ambiente fora das correrias do relógio e aproveita também a leitura. Tem gente que guarda livros para serem lidos só na praia, os preservam até aquele momento das férias. E para isso existem livro práticos, os pockets, fáceis de carregar e levar na bolsa, com um enorme catálogo de títulos nesse formato. Os chamados livros de bolso, no caso, de bolsa de praia.




Segue o blog, lendo sempre.

5 de janeiro de 2011

SEGUE O SOL

O litoral amanhece com tempo bom. Na praia de Atlântida o mar continua meio chicabon, meio espuma. A bandeira é vermelha. O negócio é curtir o litoral com os devidos cuidados, enquanto Porto Alegre segue com temperaturas altas, no seu mais tradicional abafado verão.

4 de janeiro de 2011

O MAR DE QUINTANA

A praia de Atlântida amanheceu nublada, mas o sol aparece pelo meio-dia. Mesmo assim, há os que curtem o mar. Outros pensam se devem ou não passar um protetor solar. Levados pela preguiça momentânea, preferem o jornal, estar online ou  ler um livro amigo.
Conta-se que Mario Quintana se surpreendeu uma vez encontrando escritos esquecidos e ainda não publicados. Isso acontece muitas vezes. Escrevemos e deixamos pelos cantos, sem divulgar. Ele reuniu 99 poemas na obra "Baú de Espantos", inclusive escritos em sua adolescência.
Escolhi um deles, que fala no mar.



DEIXA-ME SEGUIR PARA O MAR

Tenta esquecer-me...Ser lembrado é como
evocar-se um fantasma...Deixa-me ser
o que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo...

Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
me recamarei de estrelas como um manto real,
me bordarei de nuvens e de asas,
às vezes virão em mim as crianças banhar-se...

Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir...é seguir para o mar,
as imagens perdendo no caminho...
Deixa-me fluir, passar, cantar...

toda a tristeza dos rios
é não poderem parar!

(Mario Quintana - Baú de Espantos)


Segue o blog. A praia de Atlântida fica no litoral norte do Rio Grande do Sul.

3 de janeiro de 2011

IDEIAS VIA NOTE

Caminhar no calçadão é como andar numa esteira ergométrica.  No passo a passo observo a paisagem. O piso preto e branco desenhado não é o de Copacabana. Essa estampa se encontra nas cangas, em pleno verão. A canga que envolve o corpo, que protege, também pode virar esteira. Como um tapete, estendido na areia, vira toalha. Vai se virando na malícia do vento. Em outros verões esteiras eram feitas de tecido de junco, vime ou taquara. Um artesanato rústico à beira-mar. A praia pode mudar o texto, a moda, o ponto de encontro. A praia está lá e cada um faz a leitura que quiser, inventa seu tempero. Alguns criam, enquanto outros seguem, ou só vão na esteira...que significa acompanhar de perto. Esteira pode ser um rastro escumoso deixado por um navio na água. Eu não imaginei que escreveria tantas coisas sobre ela. Eu só fui caminhar no calçadão de Capão da Canoa.



Segue o blog. A praia de Capão da Canoa fica no litoral norte do Rio Grande do Sul.