17 de dezembro de 2010

HISTÓRIAS PARA CONTAR (4) / NATAL

A melhor sugestão para presentear um amigo é um livro. Mas muitas canecas já foram dadas, como essa que segue, que virou história. Vale a pena contar de novo.

UMA CANECA EM SINTONIA


Era véspera de Natal e a famosa festa do amigo secreto da escola tinha um novo motivo. O combinado esse ano era de presentear o amigo com uma caneca, de qualquer cor ou estampa. Na hora da troca, havia uma caneca vermelha, cobiçada por muitos. Mas quem ficou com o presente foi um professor, que adoeceu e nem compareceu na festa. A mesma foi guardada no armário de louças da pequena cozinha da escola.
No dia seguinte, uma secretária daquele lugar, na hora do intervalo, comeu seu lanche e não resistiu. Naquela tarde saboreou um café com a tal caneca e ficou por instantes pensando longe. Há um mês havia brigado com seu noivo, mas ele a convidou para jantar. Aqueles minutos solitários bastaram para ela se decidir. Aceitaria o convite e depois avaliaria a situação. Afastada da rotina da secretaria, do telefone e do atendimento, aqueles minutos do dia foram de grande valia para ela.
Mas, na semana seguinte, a caneca vermelha seguiu viagem na mala do professor. O rapaz conseguiu uma bolsa de um ano para especialização nos Estados Unidos. Ficou alguns dias negociando com sua própria consciência. Esta viagem mudaria tudo em sua vida. Ficaria por muito tempo afastado da família e dos amigos. Quando voltou a escola naquela manhã, com a desculpa de buscar seu presente, conversou com uma professora que teve a mesma experiência. Esta o animou muito a se aventurar e lhe mostrou os benefícios do curso. Aquela conversa foi crucial, saiu de lá decidido a colocar o pé na estrada, no mundo.
Então, lá se foi, ele e a caneca. Mundo afora, agora ela seria internacional. Viajaria para a “terra das canecas”, entre cozinhas com balcões, como vemos nos filmes americanos.
Um dia o seu dono hospedou outro professor da escola, que passaria um mês na casa dele. O novo hóspede se apaixonou pela canequinha. Quando o dono da casa saia, ele saboreava um café, ouvindo música. Naquele local pensativo, ele resolveu várias coisas e tomou decisões. Quando nos afastamos da rotina, visualizamos de longe os problemas. Parece que a análise fica mais fácil. Suas lembranças então voaram para bem longe.
Um dia voltou ao Brasil e ganhou a caneca de presente, levando a lembrança.
E lá se foi a vermelhinha viajante de volta a sua terra, a velha escola e ao armário de louças. Foi quando apareceu uma secretária que estava grávida. Tinha um desejo de tomar um café com pão de queijo recheado de goiabada. Enquanto saboreava o lanche, reconheceu a caneca, que um dia absorveu seus pensamentos. Casou com o noivo e logo estava esperando seu primeiro filho.
Como numa dança, de lá pra cá, de mão em mão. Nunca uma caneca fora tão cobiçada, dando prazer há muitos que se envolveram no atraente cheiro do café. Correu mundo, acompanhando desejos e novos caminhos. E na fumaça que ia subindo lentamente, desenharam-se vontades, sonhos e novas ideias. Em todos os momentos, ninguém trocaria a simples e companheira caneca, cúmplice de seus pensamentos, pela mais requintada xícara de porcelana.

2 comentários:

  1. olá! eu gosto muito de fazer historias em quadrinhos, e as minhas historias se passam na Inglaterra. Neste natal eu não tenho muitas ideias para o especial de Natal, e por isso, peço ajuda em algumas ideias por favor. Obrigado.

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  2. Postei uma história que se passa na neve, se alguma ideia for aproveitada gostaria de ver os quadrinhos do especial de Natal.

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